Christopher Nolan não usa e-mail ou smartphones

Christopher Nolan

Na atualidade, é difícil imaginar que alguém possa viver sem fazer uso dos recursos tecnológicos mais modernos, como celular ou e-mail.

Entretanto, o diretor Christopher Nolan, responsável por Oppenheimer (2023), parece ser uma exceção a essa regra.

Em uma entrevista ao The Hollywood Reporter, Nolan revelou que não utiliza e-mails ou smartphones e prefere escrever seus roteiros em um computador desconectado da internet.

Essa escolha, segundo o diretor, tem o propósito de evitar distrações e manter o foco em seu trabalho.

É interessante notar como Nolan adota uma abordagem mais tradicional em relação à tecnologia, buscando criar um ambiente propício para a sua criatividade e concentração durante o processo de escrita dos roteiros.

Meus filhos provavelmente diriam que sou um ludita completo. Na verdade, eu resistiria a essa descrição. Acho que a tecnologia e o que ela pode proporcionar é incrível. Minha escolha pessoal é sobre o quão envolvido eu fico. É sobre o nível de distração. Se estou gerando meu material e escrevendo meus próprios roteiros, estar em um smartphone o dia todo não seria muito útil para mim.” Disse Nolan.

Controle criativo total

Por causa da polêmica gerada pelo lançamento de Tenet, Christopher Nolan optou por encerrar sua longa parceria com a Warner Bros.

Em meio a uma disputa entre diversos estúdios, a Universal Pictures saiu vencedora ao atender algumas exigências cruciais do diretor.

Nolan solicitou total controle criativo sobre o projeto, além de assegurar uma participação de 20% nos lucros da bilheteria.

Além disso, ele requisitou que a Universal se comprometesse a não lançar nenhuma outra produção nos cinemas por um período de seis semanas, visando reduzir a concorrência e garantir um retorno financeiro mais favorável, tanto para si mesmo quanto para o estúdio.

Outro ponto importante a ser destacado é que o filme permanecerá em cartaz por um período de 90 a 120 dias, sem ser disponibilizado em plataformas de streaming ou disponível para compra e aluguel.

Essa estratégia visa manter o apelo das salas de cinema e potencializar a experiência do público durante o período exclusivo de exibição nas telonas.

Estilo de direção e técnicas cinematográficas de Nolan

Christopher Nolan é conhecido por seu estilo de direção distintivo que combina complexidade narrativa e inovação visual.

Uma das características mais marcantes de seus filmes é o uso de linhas do tempo múltiplas e intercaladas, como visto em obras como Memento, Inception e Dunkirk.

Essa técnica permite a Nolan explorar temas complexos, como a percepção do tempo e a subjetividade da experiência humana, de maneiras que desafiam as convenções narrativas tradicionais.

Por exemplo, em Dunkirk, ele utiliza três linhas do tempo diferentes que se entrelaçam para intensificar a narrativa, criando uma experiência imersiva que reflete a urgência e o caos da guerra​.

Além disso, Nolan frequentemente adota uma abordagem prática para os efeitos especiais, preferindo usar efeitos práticos ao invés de CGI sempre que possível.

Essa escolha dá aos seus filmes uma sensação de autenticidade que ressoa tanto com críticos quanto com o público.

Seus filmes são também conhecidos pelo uso cuidadoso de ângulos de câmera e movimentos que intensificam a narrativa e proporcionam uma perspectiva íntima dos personagens.

Ele raramente usa planos de ponto de vista direto (POV), optando por seguir os personagens com a câmera, o que ajuda o público a experimentar a história junto com eles, mantendo ao mesmo tempo a objetividade narrativa​.

A influência da música nas obras de Nolan

A música desempenha um papel fundamental na obra de Christopher Nolan, ajudando a construir a atmosfera única de cada filme.

Colaborando frequentemente com compositores como Hans Zimmer e Ludwig Göransson, Nolan utiliza a trilha sonora não apenas como um complemento, mas como um componente essencial da narrativa.

A trilha sonora de Inception, por exemplo, utiliza uma versão desacelerada de “Non, je ne regrette rien” de Édith Piaf para criar um efeito de tensão e urgência que é central para a experiência do filme.

Em Interstellar, Nolan e Zimmer buscaram uma abordagem completamente nova para o uso da música, integrando sons ambientais e minimalistas que refletem o vasto e misterioso universo explorado no filme​.

Nolan também é conhecido por sua experimentação com o design de som. Em Dunkirk, ele emprega o uso do “Shepard tone”, uma ilusão auditiva que cria a sensação de um aumento contínuo de intensidade, o que mantém o espectador em um estado constante de suspense.

Essa técnica, juntamente com a decisão de não utilizar ADR (Automated Dialogue Replacement), ou seja, manter o som original capturado durante as filmagens, contribui para a sensação visceral de seus filmes, oferecendo uma experiência auditiva que é tanto desafiadora quanto imersiva​.